segunda-feira, 11 de julho de 2011

Quando duas pessoas sentem a mesma coisa no mesmo momento

É difícil se manter imóvel quando a gente sabe que não precisa ser assim. E os dois tinham clareza disso. É angustiante não entrar pela porta quando ela não está chaveada. E os dois é que não a quiseram trancar. A porta estava mais que aberta, estava escancarada. Como que esperando a ocupação sentimental daquela passagem.
                E o caminho de entrada foi preenchido. Ao chegar à rua de casa ela viu alguém sentado na calçada, à espera. Não, ela não podia acreditar. Era ele! Imediatamente boca seca, rosto quente, borboletas no estômago. Ao vê-la, ele se levantou. Também visivelmente nervoso, ele nada disse. Fez sinal com as mãos de desentendimento, entortou um pouco a boca, desviou o olhar do chão. A encarou.  Olhos femininos assustados e um sorriso. Ele sorriu também. Imediatamente se abraçaram com força, muita força. Encararam-se transbordando de saudade até que suas línguas molhadas de desejo se encontraram. O beijo sincero encheu a boca dos dois. Foi um beijo longo com gosto que beijo de reencontro deve ter: gosto de boca, gosto de saliva.
                - Eu senti tanto a sua falta.
                - Eu também, eu também. Doeu muito.
                - Doeu demais.
                Os dois subiram para o apartamento dela, para o quarto dela. Jogaram as mochilas em qualquer canto. De pé se encararam novamente. Ela tirou a camiseta dele. Acariciou-lhe o peito fortemente. Era um toque com pressão de quem sabe o que quer, de quem sentiu muita saudade. Ele pôs as mãos com leveza no rosto dela deixando-as deslizar pelo pescoço, seios, barriga. Ah, ela com o cheiro dela! Sem blusa, sem sutiã. Ele admirou aqueles dois seios cheios e levemente caídos, arrepiados de tesão. Os apertou com delicadeza. Abraçaram-se novamente e mais uma vez se beijaram. Um abaixou o zíper da calça do outro e soltou os botões.
                Agora ambos estavam completamente nus, desarmados. Quando se está nu perante o outro não há o que esconder, não há por que esconder.  Nem mesmo as palavras que nunca foram ditas. Dois corpos nus e juntos são cúmplices. Nem mesmo as palavras que nunca foram ditas:
                - Eu nunca tive medo dos seus segredos, eu nunca tive receio de ficar com você. Eu nunca quis não estar com você.
                Pelados e apaixonados. Ela a olhar o corpo dele. Ele a olhar o corpo dela. Os dois se admirando mais uma vez.
                - Encosta teu corpo nu no meu.
                Entrelaçados, ela estava dentro dele e ele estava dentro dela. Excitados, eles gemeram de prazer. Apertavam-se e mordiam-se sem outra forma de conseguir exteriorizar a intensidade daquelas sensações todas que lhes tomavam a pele e o sentimento. Tesão. Intensidade. Intensidade. Intensidade. Intensidade. Foi assim até o gozo. Ápice! Gozo! Gozo! Gozo!
                Cansados, com os corpos completamente relaxados, mas abraçados.  Ofegantes eles se olharam. Sorrisos mútuos. É, depois de tanto tempo eles ainda se entendem, ainda se querem. O que mudou do fim para o novo começo é que nem ela e nem ele camuflam qualquer sentimento ou qualquer vontade. Agora eles não são sinceros só um com o outro, são sinceros para si mesmos também.

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