O asfalto é meu tapete vermelho
A ferida coça mas nunca cicatriza
A chuva é minha companhia
Minha melhor amiga morreu
e não foi enterrada
A água evaporou de tanto ferver
A felicidade passou pela minha porta
A cafeína mantém meus olhos abertos
mas ofusca o que eu vejo
Minha droga favorita faz da ilusão, realidade
Espero uma presença
que não é a que toca a campainha
Da xícara agora sai fumaça
No caminho borbulha incerteza
A música ressoa na vida
Os prédios somem na neblina
O inverno mostra o que o verão escondeu
A escrita é algo que não seguro porque não há como. Ela vem e só me deixa focar em outra coisa quando sai por meio de um vômito poético.
terça-feira, 30 de agosto de 2011
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Monossilábicos
Então, é...
Hum.
Ah, você sabe.
Preferiria não.
E fingir?
Ser feliz na ilusão.
Nossa.
Pois é.
Bem, é isso.
Adeus.
Hum.
Ah, você sabe.
Preferiria não.
E fingir?
Ser feliz na ilusão.
Nossa.
Pois é.
Bem, é isso.
Adeus.
domingo, 14 de agosto de 2011
Me empresta uma caneta?
Uma Bic ainda. É melhor pra escrever nesse guardanapo de bar com cara de sujo, porém limpo. O único bar que abre no domingo aqui nessa cidade fria e que tá doendo. Ainda bem. Fui em vários lugares antes mas era aqui que eu queria ter vindo. Só não sabia disso. Psicodelias me recebendo bem junto com a cerveja gelada de sorriso amarelo. Ela enche meu copo. Ela não precisa do meu sorriso. Ela e eu: caras de quem quer que a vida exploda antes de morrer. E basta isso. E ela não me cobra nada. Não fica sem graça com a falta de assunto verbalizado. É que tá passando muita coisa na cabeça. Minha. Dela. Um abraço no fim da noite bêbada com olhos pretos borrados. Não precisamos da palavra, do som ou do gemido. O gesto. A amizade. Foi o que me manteve em pé hoje.
sábado, 13 de agosto de 2011
Jogo
Um cálice. Duas taças: memórias enfatizadas.
Três taças. Uma garrafa: lágrima.
Uma dose: palavras que nunca são ditas (mas que são pensadas).
Cinco doses: choro e arrependimentos.
Uma terceira bebida: coisas que não deveriam ser feitas.
Soluço: desmaio.
Amanhã: nenhuma lembrança, então vamos começar outra vez.
Três taças. Uma garrafa: lágrima.
Uma dose: palavras que nunca são ditas (mas que são pensadas).
Cinco doses: choro e arrependimentos.
Uma terceira bebida: coisas que não deveriam ser feitas.
Soluço: desmaio.
Amanhã: nenhuma lembrança, então vamos começar outra vez.
quinta-feira, 4 de agosto de 2011
Só o necessário
O engraçado da vida moderna é que as vezes nós nos deparamos com o inesperado óbvio que se lança diretamente rumo aos nossos olhos e só então nos damos conta: como eu tava conseguindo levar minha vida sem isso? Por exemplo, quando vamos a uma loja dessas que tem de tudo tem muita muita coisa. Há coisas essenciais, ham? Pote de plástico na forma de losango porta-incenso de duende com caminha pra sujeira cair cortina de canutilho pra colocar em frente à porta do quarto porta-lata porta-palito-de-dentes porta-pinças porta-clipes porta-garrafinha-de-água porta-porta porta-torta. Encontramos muitas variedades de objetos indispensáveis também na casa de amigos. Tudo o que é parecido e fica aglomerado vale: garrafas vazias transparentes de vinho perto de garrafas vazias verdes de vinho pétalas ressecadas sem cheiro rolhas lacre redondo vermelho de molhos prontos grudado na porta da geladeira e ah é ímãs de coca-cola e garrafinhas miniaturas de coca cola sem falar nos papéis amarelados dentro de uma gaveta e os bonecos em cima do guarda-roupas. Isso tudo é realmente essencial, ham?
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