O despertador. Sono. Soneca. Sono. Saio da cama. Engulo um pão com manteiga e viro o café. Ônibus cheio de gente tão mal-humorada quanto eu. Acho que hoje eu quase apanhei no ônibus. O cara não se mexeu pra eu sair. "Meu, eu tenho que ir". Ele quase me bateu. Acho que ele quase me bateu. Sorriso pro chefe que me dá um outro amarelado em troca. Ele pode. Eu não. Telefonemas. Contatos. Recepções. Falo com pessoas o dia todo, mas não converso com elas. Olho pra muita gente na rua, mas não as vejo realmente. 30 minutos pra comer uma marmita fria que trouxe de casa. Água pra descer. Tem mais umas 5 horas pela frente. Café. Não, eu nunca saio no meu horário. Dizem que tenho um tal de banco de horas, mas não sei em que cômodo ele fica. Nunca o vejo. Cobrança. Café. Discussão na sala ao lado. "Sim, chefe. É pra já!". Se ao menos eu pudesse ver dessa janela alguma coisa que não fosse concreto. Concreto. Concretude das trocas humanas. É, porque eu não posso chamar isso de relação. Isso, essa coisa casual e precisa. Atrasado pra estudar a noite toda uma coisa que nem sei se gosto. Desembrulho o bolo de fubá. Compro um café no meio do caminho. Queria gostar de chá. Volto num ônibus abafado. Chove lá fora. Janelas fechadas. Feições fechadas. Tédio. Olheiras minhas e alheias. Vontade. Algo que não seja necessidade?
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